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O que os líderes precisam saber sobre mudanças?

Algum tempo atrás eu assisti a uma palestra inspiradora de Taylor Harrell no TEDx, intitulada “What leaders need to know about change” (no final desse texto você tem o acesso ao vídeo)

Taylor Harrell é uma profissional e acadêmica especializada em estudos de liderança. Sua atuação abrange tanto a pesquisa quanto o ensino, focando na compreensão e desenvolvimento das habilidades necessárias para liderar eficazmente em ambientes complexos e em constante mudança.

Ela fez a palestra no TEDx da Universidade do Estado de San Diego (San Diego State University – SDSU) na California, Estados Unidos.

Esta apresentação provocou algumas reflexões sobre a essência da liderança eficaz, especialmente em tempos de mudança. Gostaria de compartilhar algumas das principais lições e insights que considero valiosos para qualquer líder ou aspirante a líder.

A resistência à mudança não é o problema, mas a perda é

As pessoas não resistem à mudança em si, mas sim à perda que ela implica. Essa perspectiva transformadora nos convida a reavaliar como abordamos a resistência.

Ron Heifetz e Marty Linsky, em seus estudos sobre liderança, elucidam que o verdadeiro obstáculo não é a mudança, mas a perda de algo valioso que a mudança traz.

Líderes eficazes precisam reconhecer e abordar as perdas percebidas por seus seguidores.

Há uma pesquisa clássica de Daniel Kahneman e Amos Tversky que descobriu que a dor de perder algo é duas vezes mais poderosa que o prazer de ganhar algo novo. Então, mesmo que o futuro pareça promissor, o medo da perda nos faz manter o status quo.

A perda pode abranger muitas coisas ao longo de nossas vidas: pessoas, lugares, coisas, planos futuros. Mas existem vários tipos fundamentais de perda que são particularmente dolorosos em ambientes sociais, como aqueles onde a liderança ocorre.

Cinco tipos de perda que provocam resistência

Ela destaca cinco tipos de perda que são particularmente dolorosos em ambientes sociais e organizacionais:

  1. Segurança: A mudança pode ameaçar a estabilidade e a previsibilidade que proporcionam uma sensação de segurança. Isso abrange desde a segurança física e psicológica até a estabilidade financeira e relacional.
  2. Liberdade: A autonomia é um valor fundamental. Mudanças que restringem a capacidade das pessoas de controlar suas ações e decisões podem gerar resistência significativa.
  3. Status: Mudanças que afetam o status social ou profissional podem ser altamente perturbadoras. Pessoas que construíram uma reputação ao longo de anos podem sentir-se ameaçadas quando novas mudanças desafiam sua posição.
  4. Pertencimento: As mudanças podem afetar a sensação de pertencimento a um grupo ou comunidade. Promoções ou reestruturações podem alterar as dinâmicas sociais e criar um sentimento de isolamento.
  5. Justiça: A percepção de injustiça ou desigualdade pode ser um poderoso motivador de resistência. Mudanças que são vistas como injustas ou que exacerbam desigualdades existentes encontrarão oposição vigorosa.

Liderança: uma ancoragem de estabilidade e identidade

A conferencista enfatiza que líderes devem atuar não apenas como “campeões da mudança”, mas também como “âncoras de estabilidade”. Parece contraintuitivo, mas, faz sentido.

Durante a mudança, é crucial lembrar e reafirmar as partes da identidade organizacional que permanecerão intactas.

Estudos, como o realizado por Merlin Venus, mostram que as pessoas são mais propensas a aceitar mudanças quando sabem “o que continuará sendo o mesmo”. Isso reforça a importância de equilibrar a visão de um futuro novo com a constância de valores fundamentais.

Existe um tipo de sabedoria na resistência

A resistência à mudança pode oferecer valiosas lições. Ela pode revelar o que é importante para os indivíduos e onde as estratégias de mudança podem estar causando danos não intencionais.

Reconhecer a resistência como uma forma de feedback pode ajudar os líderes a ajustar suas abordagens e a construir uma base mais sólida para a implementação da mudança.

Empatia e aceitação das perdas

Líderes eficazes não ignoram as perdas percebidas pelos outros. Ao nomear e reconhecer essas perdas, os líderes permitem que seus seguidores processem e aceitem a realidade da mudança.

Esta prática de empatia e reconhecimento cria um espaço para a aceitação e para a possibilidade de um novo começo.

Praticando a liderança na mudança

Ao enfrentar mudanças, seja em equipes, comunidades ou famílias, é crucial ouvir a sabedoria na resistência, enfrentar as perdas com empatia e ancorar-se nas partes constantes de nossa identidade. Dessa forma, podemos navegar pelo desconhecido e construir um futuro mais promissor juntos.

A palestra de Taylor Harrell no TEDx SDSU é um lembrete poderoso de que a liderança na mudança não é apenas sobre impulsionar novos começos, mas também sobre honrar e preservar o que é essencial em nossa identidade e em nossas relações.

Essas lições são inestimáveis para qualquer pessoa que aspire liderar com eficácia e compaixão em tempos de transformação.

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MARCELO DE ELIAS é Linkedin Top Voice. Mestre em inovação e design com MBAs em Estratégia (USP), Gestão de Pessoas (FGV), formação internacional em gestão da mudança em tempos desafiadores (University of Tampa/EUA) e pós-graduado em neurociência e psicologia positiva (PUC).

Conteudista especialista em liderança, protagonismo e gestão de mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador da Universidade da Mudança.

Pioneiro no assunto “Inner Skills” no Brasil.

Atende grandes clientes como GPA/ Pão de Açúcar, Cobasi, Neoenergia, Leroy Merlin, SBT, Marisa, Carrefour, MSD/Merck, Elanco, Kawasaki, GM, Fiat, Raízen/Shell, DHL, Caixa, Bradesco, Unilever, Bettanin/InBetta, Sebrae, SESC, Sabesp, Banco da Amazônia, Justiça Federal, Ministério Público, INPE, Usiminas entre outros de diversos segmentos.

Através de mensurações na metodologia NPS junto aos contratantes, o índice de recomendação é de 100%.

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Imagem: Canva Pro

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