Recentemente fiz um trabalho bastante interessante com uma conhecida cooperativa do ramo financeiro. Fui chamado para ministrar um workshop para os novos “embaixadores da cultura” – um grupo de líderes que, além de suas atividades no trabalho, tem o papel de fortalecer a cultura organizacional dessa instituição.
No ano passado eu fiz a mesma coisa em outros negócios de diversos ramos: indústria farmacêutoca, autopeças, caixa de previdência, construtora, empresa logística, escritório do ramo jurídico, entre outras.
Fiquei feliz e surpreso ao perceber que essas empresas estavam implementando, quase ao mesmo tempo, esse tipo de programa. Respeitadas as peculiaridades de cada segmento, basicamente todas seguiam padrões semelhantes.
Buscar novos caminhos para fortalecer – ou mesmo mudar – a cultura, virou um tema ainda mais importante e cada vez mais recorrente.
Não é por menos, afinal, a cultura organizacional é um dos pilares mais importantes para o sucesso de uma empresa. Quando bem definida e disseminada, ela impacta diretamente no engajamento dos colaboradores, na satisfação dos clientes e na reputação da marca.
Gosto da ideia de fortalecer e difundir essa cultura por meio de um programa de embaixadores da cultura organizacional. Você sabe como funciona?
O que é um Programa de Embaixadores da Cultura Organizacional?
O programa de embaixadores da cultura organizacional consiste na seleção e capacitação de colaboradores para atuar como representantes e multiplicadores dos valores, propósitos e crenças da empresa.
Esses embaixadores são mais que funcionários comprometidos. São influenciadores internos (e às vezes externos) que ajudam a manter a coesão e a identidade organizacional no dia a dia.
Os “Embaixadores da Cultura” são relativamente diferentes de outros programas que também têm se tornado comuns nas empresas, como o “Employee Advocacy” e “Embaixador de Marca Empregadora”, entretanto, todos eles precisam de forte entendimento e vivência da cultura do negócio.
Benefícios de um Programa de Embaixadores da Cultura
Implementar um programa de embaixadores da cultura pode trazer diversos benefícios para a organização, tais como:
- Fortalecimento da Cultura: A cultura se torna mais sólida e enraizada quando é difundida por colaboradores engajados.
- Aumento do Engajamento: Os colaboradores sentem-se mais conectados à empresa e ao seu propósito.
- Melhoria da Comunicação Interna: Os embaixadores atuam como pontes entre os diferentes níveis hierárquicos, promovendo um fluxo de informação mais eficiente.
- Maior Atração e Retenção de Talentos: Empresas com uma cultura forte e bem divulgada são mais atrativas para novos talentos.
- Reforço da Marca Empregadora: Os embaixadores também ajudam a construir uma imagem positiva da empresa no mercado.
Como Selecionar um Bom Embaixador da Cultura
Para garantir o sucesso do programa, é fundamental selecionar os colaboradores certos para desempenhar esse papel.
Algumas características desejáveis são:
- Alinhamento com os Valores da Empresa: O embaixador deve acreditar e praticar os valores da organização.
- Boa Comunicação: Deve ser capaz de transmitir mensagens de forma clara e inspiradora.
- Influência Positiva: Ter credibilidade entre os colegas e ser respeitado dentro da equipe.
- Proatividade: Estar disposto a engajar-se em ações e iniciativas relacionadas à cultura organizacional.
- Capacidade de Liderança: Mesmo sem ocupar um cargo de liderança formal, deve saber motivar e inspirar os demais.
Passo a Passo para Implementar um Programa de Embaixadores da Cultura
1) Definir Objetivos Claros
O primeiro passo para a implementação de um programa de embaixadores da cultura organizacional é estabelecer objetivos bem definidos. A empresa precisa ter clareza sobre o que espera alcançar com essa iniciativa, seja fortalecer os valores organizacionais, melhorar o engajamento dos colaboradores, facilitar processos de mudança ou reforçar a identidade corporativa.
Esses objetivos devem estar alinhados com a estratégia da empresa e ser mensuráveis para que a efetividade do programa possa ser avaliada ao longo do tempo. Além disso, é fundamental compreender a cultura atual da organização e quais aspectos precisam ser fortalecidos ou transformados.
Uma análise inicial da cultura existente ajudará a definir direções claras e metas realistas para o programa.
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2) Obter Apoio da Liderança
Para que um programa de embaixadores da cultura organizacional seja bem-sucedido, é indispensável o apoio da liderança. Sem o envolvimento ativo de gestores e executivos, o programa corre o risco de ser percebido como uma iniciativa isolada e sem impacto real na organização.
Os líderes devem ser os primeiros a demonstrar comprometimento com os valores organizacionais e incentivar a participação dos colaboradores. Além disso, o suporte da alta gestão garante que os embaixadores tenham o respaldo necessário para atuar e influenciar outros colegas.
A liderança deve estar envolvida desde a concepção do programa, participando de reuniões estratégicas, apoiando a seleção dos embaixadores e promovendo o reconhecimento daqueles que desempenham bem esse papel.
3) Selecionar os Embaixadores
A escolha dos embaixadores da cultura é um momento crucial do processo. Os colaboradores selecionados devem ser pessoas que já demonstram, na prática, um forte alinhamento com os valores da empresa e que possuem credibilidade entre seus pares.
Não se trata apenas de selecionar aqueles que se destacam em suas funções, mas sim de identificar indivíduos que naturalmente influenciam outros de forma positiva. Para isso, a empresa pode utilizar diversos critérios, como avaliações de desempenho, recomendações de gestores e feedback dos próprios colegas.
Como expliquei nesse texto, um bom embaixador deve ser comunicativo, inspirador, comprometido com a cultura organizacional e disposto a atuar como um agente de transformação dentro da empresa. A diversidade também deve ser considerada no processo de seleção, garantindo que diferentes áreas e níveis hierárquicos estejam representados no programa.
4) Capacitar os Embaixadores
Uma vez selecionados, os embaixadores precisam ser preparados para desempenhar seu papel com eficácia. A capacitação deve incluir treinamentos sobre cultura organizacional, liderança informal, comunicação e engajamento de equipes.
Eles precisam compreender a fundo os valores e a missão da empresa, bem como os desafios que podem surgir ao promover essa cultura internamente. Além disso, é importante fornecer ferramentas práticas para que possam atuar de maneira estruturada, como estratégias para conduzir conversas significativas com os colegas, maneiras de identificar problemas culturais e soluções para manter o alinhamento organizacional.
Workshops, mentorias e materiais de apoio podem ser utilizados para fortalecer essa capacitação.
Caso precise de ideias para a elaboração de um programa de treinamento para os embaixadores, sugiro que desenvolva algo desse tipo:
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5) Criar um Plano de Ação
Após a capacitação, é essencial que o programa tenha um plano de ação estruturado, definindo como os embaixadores irão atuar no dia a dia da empresa.
Esse plano deve conter atividades práticas e objetivos específicos, como a realização de encontros regulares para discutir a cultura organizacional, a participação dos embaixadores em eventos internos, a disseminação de boas práticas, rodas de conversas e o suporte a novos colaboradores durante o processo de integração.
Além disso, é importante definir indicadores de sucesso para medir o impacto da iniciativa, como níveis de engajamento dos funcionários, retenção de talentos e feedback sobre o programa.
Esse plano de ação deve ser revisado periodicamente para garantir que esteja alinhado às necessidades da empresa e dos colaboradores.
6) Estabelecer Canais de Comunicação
Para que o programa funcione de maneira eficaz, é necessário garantir que os embaixadores tenham canais de comunicação adequados para trocar experiências, compartilhar boas práticas e receber suporte.
A empresa pode criar grupos em plataformas internas, como intranet, Slack ou Teams, além de promover reuniões periódicas para alinhar as expectativas e discutir desafios.
A comunicação entre os embaixadores e os demais colaboradores também deve ser facilitada, possibilitando que eles atuem como pontos de referência dentro da organização.
Além disso, manter um fluxo de informações constante entre os embaixadores e a liderança da empresa ajuda a fortalecer o compromisso com o programa e permite ajustes conforme necessário.
7) Evidenciar, Reconhecer e Valorizar o Trabalho dos Embaixadores
O reconhecimento é um fator essencial para manter os embaixadores motivados e engajados com o programa.
É fundamental que a empresa valorize o esforço desses colaboradores e mostre que o papel deles tem impacto real na organização. Isso pode ser feito de diversas formas, como menções públicas em eventos e reuniões, premiações simbólicas, oportunidades de desenvolvimento profissional, certificações, pins e até mesmo benefícios tangíveis.
Além disso, criar um sistema de reconhecimento contínuo, no qual gestores e colegas possam destacar boas práticas dos embaixadores, contribui para reforçar a importância do programa.
Quando os embaixadores se sentem valorizados, eles tendem a desempenhar seu papel com ainda mais entusiasmo e comprometimento.
8) Acompanhar e Fazer os Ajustes Necessários no Programa
Por fim, a empresa deve acompanhar de perto a evolução do programa de embaixadores da cultura e realizar ajustes sempre que necessário.
A mensuração dos resultados pode ser feita por meio de pesquisas de clima organizacional, pesquisas de cultura, entrevistas com colaboradores, análise de indicadores de engajamento e feedback direto dos próprios embaixadores.
É importante estar atento aos desafios enfrentados pelos participantes e buscar soluções para tornar o programa mais eficaz. Além disso, o programa deve evoluir junto com a empresa, ajustando suas estratégias conforme a cultura organizacional se transforma ao longo do tempo. Um programa de embaixadores bem estruturado não é estático, mas sim um processo contínuo de fortalecimento da identidade organizacional.
O que acha da ideia? Conhece alguma empresa que tem algo semelhante? Deseja fazer algo na sua empresa?
MARCELO DE ELIAS é Linkedin Top Voice. Mestre em inovação e design com MBAs em Estratégia (USP), Gestão de Pessoas (FGV), formação internacional em gestão da mudança em tempos desafiadores (University of Tampa/EUA) e pós-graduado em neurociência e psicologia positiva (PUC).
Conteudista especialista em liderança, protagonismo e gestão de mudanças, é professor da FGV, FDC e outras escolas de negócios. Escritor e fundador da Universidade da Mudança.
Pioneiro no assunto “Inner Skills” no Brasil.
Atende grandes clientes como GPA/ Pão de Açúcar, Cobasi, Neoenergia, Leroy Merlin, SBT, Marisa, Carrefour, MSD/Merck, Elanco, Kawasaki, GM, Fiat, Raízen/Shell, DHL, Caixa, Bradesco, Unilever, Bettanin/InBetta, Sebrae, SESC, Sabesp, Banco da Amazônia, Justiça Federal, Ministério Público, INPE, Usiminas entre outros de diversos segmentos.
Através de mensurações na metodologia NPS junto aos contratantes, o índice de recomendação é de 100%.
As palestras não são “produtos de prateleira”, mas sim, projetos 100% personalizados e customizados para cada realidade, considerando as necessidades a serem atendidas, a cultura do cliente e o perfil do público.
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Imagem: Canva Pro
